Frost/Nixon (idem, 2008)
Direção: Ron Howard
Roteiro: Peter Morgan
Elenco: Michael Sheen, Frank Langella, Sam Rockwell, Kevin Bacon, Oliver Platt, Rebecca Hall.
Extra: Indicado a a 5 Oscars 09 (incluindo melhor Filme, Ator [Frank Langella], Roteiro Adaptado, Diretor [Ron Howard] e Edição), 6 BAFTA's (incluindo Filme, Ator [Frank Langella] e Diretor) e 5 Globos de Ouro (incluindo Ator, Diretor e Filme). Custou US$ 35 milhões.
Essa história começa mostrando o presidente dos Estados Unidos, Richard Nixon (Frank Langella), renunciando ao cargo já em seu segundo mandato, após o escândalo de Watergate (retratado especificamente no filme "Todos os Homens do Presidente" de Alan J. Pakula, de 1976). Após sua renúncia o vice assume o posto e perdoa Nixon por qualquer crime de corrupção que tenha cometido, livrando-o de um julgamento. A maior parte da população se mostra revoltada pelo homem ter saído impune e sem pedir assumir ou pedir desculpas.
Entra em cena então um simpático e carismático apresentador de televisão, sem ambições ou gosto por política, David Frost (Michael Sheen, Tony Blair em "A Rainha"), que possui um programa de sucesso na Austrália e Inglaterra, porém fracassou nos EUA. Vendo que poderia obter muita audiência e sucesso - nos EUA, seu objetivo maior - caso conseguisse que Nixon assumisse algo do caso Watergate, começa uma empreitada para tentar fazer a entrevista e, claro, dinheiro para isso, alguma emissora para transmitir. Porém, Frost é britânico e ninguém leva fé de que um apresentador de TV fosse fazer Nixon falar, que já tinha escapado de entrevistadores mais... "fortes" que Frost.
Assista ao filme ou procure na internet para saber se ele foi bem sucedido na entrevista, agora vamos lá... "Frost/Nixon" obviamente, tem significado muito maior para os estadunidenses, já que trata de um dos maiores casos de corrupção do país e de seu presidente, então talvez nós não consigamos gostar tanto do filme. Eu, por exemplo, achei um exagero suas indicações para Melhor Filme no Oscar, preferiria "Dúvida" em seu lugar.
A direção de Ron Howard não é nada demais. Algumas cenas são realmente boas, mas o filme em si é correto, não é um trabalho que você diz "só Howard conseguiria fazê-lo". Nos outros aspectos técnicos não temos muito o que destacar, um figurino razoavelmente fácil, assim como a direção de arte, sem grandes desafios.
O que destacar então? O roteiro de Peter Morgan (de "A Rainha"), baseado em sua própria peça, eu gostei bastante, conduz muito bem o filme, com bons diálogos. A edição de Dan Hanley e Mike Hill é boa, dá um ótimo ritmo ao filme, que tem aproximadamente duas horas.
O destaque maior, no entanto, são seus protagonistas: Michael Sheen (David Frost) e Frank Langella (Richard Nixon). Nenhum dos dois muito parecidos com os verdadeiros, porém são o trunfo do longa. O primeiro consegue se mostrar carismático, fraco no início, depois vai mostrando uma força maior, até uma certa ingenuidade.
Mas Frank Langella domina suas cenas. O respeitável ator imprime a forte voz, consegue passar toda a vontade de Nixon, seu desejo de voltar a presidência, sua fragilidade, sua arrogância, sua esperteza, a incrível capacidade de oratória. Por alguns momentos duvidamos realmente se o homem é tão ruim quanto falam, tudo graças a Langella. Sua atuação é exemplar, só não leva o Oscar por culpa de dois outros atores, um deles logo abaixo...
Nota: 7/10
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O Lutador (The Wrestler, 2008)
Direção: Darren Aronofsky
Roteiro: Robert D. Siegel
Elenco: Mickey Rourke, Marisa Tomei, Evan Rachel Wood.
Extra: Indicado a dois Oscars 09 (Melhor ator [Mickey Rourke] e melhor atriz coadjuvante [Marisa Tomei]). 2 BAFTA's nas mesmas categorias e 3 Globos de Ouro (além das outras duas, melhor canção original "The Wrestler" de Bruce Springsteen. Custou US$ 7 milhões.
Gosto de filmes com sinopse simples pra me economizar tempo, então, "O Lutador" conta a história de Randy "The Ram" Robinson, um - oh! - lutador de luta-livre - coreografada sim, falsa jamais - que se vê atingido por um inimigo imbatível: o tempo.
Vinte anos atrás ele estava no auge da carreira, o ídolo de todos, hoje luta em eventos menores, vive num trailer e nem sempre tem o dinheiro necessário. Virou a lenda, o senhor que todos admiram e vê sua paixão escorrer pelo ralo quando tem um ataque cardíaco e é aconselhado a parar de lutar.
Randy não fala com a filha Stephanie (Evan Rachel Wood) há anos, não é casado e a única amiga que tem - além dos colegas de luta - é Cassidy (Marisa Tomei), uma stripper.
Bom, o filme é realmente bom. Não conheço os outros trabalhos do diretor por puro desinteresse, mas agora quero conhecer seu trabalho. Todo o longa é usado câmera na mão o que te deixa mais próximo dos personagens, da ação, mais dentro do filme. Porém, como destacado pelo Kau (do ótimo "Bit of Everything") a película se vê prejudicada por uma montagem realmente fraca. Andrew Weisblum (editor de "Viagem a Darjeeling" e assistente em outros) faz cortes abruptos e secos que não imprimem um ritmo harmonioso ao longa, não dando uma cadência muito boa. No meu ponto de vista, esse é o calcanhar de Aquiles do filme, que se não fosse por isso poderia disputar as categorias principais.
Aliás, falando em disputar, por algum motivo a Academia só selecionou três canções para a categoria de canção original, e vergonhosamente, "The Wrestler", canção de Bruce Springsteen, ficou de fora. Concordo com "Down to Earth" e "Jai Ho", mas "O Saya" deveria ter dado lugar a citada acima...
Mas "O Lutador" tem um trio de atores que faz o filme ser realmente bom. Evan Rachel Wood, mesmo com pouco tempo em cena, mostra uma filha traumatizada, frágil, mas que ainda ama o pai, que gostaria que as coisas tivessem sido diferentes... a jovem mostra que tem talento, espero vê-la ainda em bons trabalhos.
Marisa Tomei... fiquei realmente revoltado em uma cena em que sua personagem é esnobada por uns clientes. A mulher está em plena forma física, aos 44 anos, lindíssima e muito, muito, talentosa. Consegue sua terceira indicação ao Oscar por atriz coadjuvante (tendo vencido por "Meu Primo Vinny" de 1992 e indicada por "Entre Quatro Paredes" de 2001), como não vi Penélope Cruz ainda, torço por ela (vencendo Amy Adams, Viola Davis e Taraji P. Henson).
E ainda considero o filme de Mickey Rourke. Não é à toa que no pôster vemos um comentário "testemunhe o ressurgimento de Mickey Rourke". Tendo, sim, um pouco de sua vida na história do lutador, o homem consegue voltar com uma excelente performance, dando toda a sensibilidade, força, orgulho, que "The Ram" tinha que ter. Duvido que teríamos outros ator fazendo tão bem, talvez por ter essa identificação, não importa realmente. Várias cenas conseguiram me chamar atenção, que infelizmente não posso comentar sem spoiler, mas Rourke volta com grande estilo e talento. Torço que continue no caminho certo.
Ainda não vi "Milk", portanto, meu Oscar vai para Mickey Rourke. Vida longa ao lutador.
Nota: 8/10
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