Ensaio Sobre a Cegueira (Blindness, 2008)
Direção: Fernando Meirelles
Roteiro: Don McKellar (baseado na obra de José Saramago)
Elenco: Julianne Moore, Mark Ruffalo, Alice Braga, Gael García Bernal e Danny Glover.
Extra: Custou US$ 25 milhões.
Sinopse: Uma inédita e inexplicável epidemia de cegueira atinge uma cidade. Chamada de "cegueira branca", já que as pessoas atingidas apenas passam a ver uma superfície leitosa, a doença surge inicialmente em um homem no trânsito e, pouco a pouco, se espalha pelo país. À medida que os afetados são colocados em quarentena e os serviços oferecidos pelo Estado começam a falhar as pessoas passam a lutar por suas necessidades básicas, expondo seus instintos primários. Nesta situação a única pessoa que ainda consegue enxergar é a mulher de um médico (Julianne Moore), que juntamente com um grupo de internos tenta encontrar a humanidade perdida. [AdoroCinema]
Vou tentar ser mais objetivo nos reviews. "Ensaio Sobre a Cegueira" é um filme que não agrada a maioria, principalmente críticos chatos pra caceta, e foi bastante injustiçado no cenário internacional. Muitos falaram que não funcionou como adaptação, mas a partir do momento em que o próprio autor se emociona ao assistir, todos os outros se provam errados em dizer isso.
Fernando Meirelles é, para mim, o maior cineasta brasileiro. Não por fazer filmes nos EUA, mas por fazer filmes bons. Excelentes. Se são falados em inglês ou não, pouco importa. "Cidade de Deus" é um dos maiores filmes nacionais de todos os tempos, rompeu barreiras e criou um novo cinema nosso. Com esse filme, Meirelles ganhou projeção internacional, indicação ao Oscar de melhor diretor. Veio "O Jardineiro Fiel", muito bom, que rendeu o Oscar de melhor atriz coadjuvante para Rachel Weisz, e indicações para o Bafta e o Globo de Ouro de diretor, e agora, "Blindness".
O filme tem uma das melhores fotografias recentes, uma direção de arte impecável, uma trilha sonora lindíssima, um roteiro excelente e uma direção primorosa.
Julianne Moore faz um show à parte. Impecável e talentosa como sempre ela consegue carregar o filme sendo a única a enxergar, transmitindo toda a complexidade que isso implica, que trabalho genial. Não vi os trabalhos de Angelina Jolie e Melissa Leo, mas elas devem ter suado para conseguir tirar a vaga de Moore, e até de Sally Hawkins em "Simplesmente Feliz".
Todo o elenco trabalho de forma ótima. Gael García Bernal é o melhor ator hispânico de sua geração, Alice Braga mostra um talento que foi oprimido em "Eu Sou a Lenda" - e um corpo também - Danny Glover dispensa comentários e Mark Ruffalo sempre competente.
Injustiçado, denso, forte, marcante, difícil, são algumas características que podem ser atribuídas ao filme. Fernando Meirelles é um gênio brasileiro que nos dá tanto orgulho quanto uma seleção de futebol, vôlei e outras modalidades que não merecia ter sido tão atacado como foi.
Mas ele é brasileiro, tenho certeza de que não desistirá nunca.
Nota: 9/10
6 comentários:
O roteiro tem um início vagaroso, mas aos poucos ganha dinamismo e qualidade. Outro ponto relevante são as fortes cenas, sempre alfinetando o espectador. Com analogias e críticas severas ao atual sistema econômico e principalmente ao caráter das pessoas, a trama faz-nos repensar seriamente sobre o real significado de nossas vidas e o papel que exercemos na atual sociedade. Será que realmente somos capazes de tudo? Até onde vai a nossa honra e a nossa fé? Estes e outros pontos e paradigmas são colocados em xeque nesta bela produção de Meirelles.
NOTA (0 a 5): 4
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É um excelente filme mesmo, lindo de se ver e profundo para se pensar... Parabéns Meirelles!!!
Escrevi uma resenha sobre o filme, a pouco tempo no meu blog !
Gosto muito deste filme, Meirelles entrega mais uma ótima fita!
Não entendo como desdenharam tanto esse filme. Para mim, uma grande obra e que tem excelentes aspectos! Um dos melhores do ano passado.
Eu gostei do filme, mas nada além de nota 6.
Depois dê uma passada no meu blog MILHA TURVA
O roteiro, assinado por Don McKellar ("O Violino Vermelho"), tem um início vagaroso, mas aos poucos ganha dinamismo e qualidade. A história foi adaptada com base na obra de José Saramago, único escritor da língua portuguesa a receber o prêmio Nobel de literatura.
Outro ponto relevante em "Ensaio Sobre a Cegueira" são as fortes cenas, sempre alfinetando o espectador. Com analogias e críticas severas ao atual sistema econômico e principalmente ao caráter das pessoas, a trama faz-nos repensar seriamente sobre o real significado de nossas vidas e o papel que exercemos na atual sociedade. Será que realmente somos capazes de tudo? Até onde vai a nossa honra e a nossa fé? Estes e outros pontos e paradigmas são colocados em xeque nesta bela produção de Meirelles.
As atuações de Mark Ruffalo ("Zodíaco"), Danny Glover ("Máquina Mortífera") e Gael García Bernal ("Amores Brutos") são estupendas e dispensam comentários. Mas quem roubou a cena foi a protagonista Julianne Moore ("Filhos da Esperança"), numa interpretação maravilhosa e desumana na pele de uma mulher imune à cegueira branca e esposa de um oftalmologista, que também foi afetado pela epidemia.
A trilha sonora também marca presença e casa-se bem com as imagens. A produção é de primeira e contou com nomes como Andrea Barata Ribeiro ("O Banheiro do Papa"), Niv Fichman ("A Última Noite") e Sonoko Sakai ("Paixão Proibida").
NOTA (0 a 5): 4
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