sexta-feira, 10 de abril de 2009

olhos bem abertos

Ensaio Sobre a Cegueira (Blindness, 2008)


Direção: Fernando Meirelles
Roteiro: Don McKellar (baseado na obra de José Saramago)
Elenco: Julianne Moore, Mark Ruffalo, Alice Braga, Gael García Bernal e Danny Glover.
Extra: Custou US$ 25 milhões.


Sinopse: Uma inédita e inexplicável epidemia de cegueira atinge uma cidade. Chamada de "cegueira branca", já que as pessoas atingidas apenas passam a ver uma superfície leitosa, a doença surge inicialmente em um homem no trânsito e, pouco a pouco, se espalha pelo país. À medida que os afetados são colocados em quarentena e os serviços oferecidos pelo Estado começam a falhar as pessoas passam a lutar por suas necessidades básicas, expondo seus instintos primários. Nesta situação a única pessoa que ainda consegue enxergar é a mulher de um médico (Julianne Moore), que juntamente com um grupo de internos tenta encontrar a humanidade perdida. [AdoroCinema]



Vou tentar ser mais objetivo nos reviews. "Ensaio Sobre a Cegueira" é um filme que não agrada a maioria, principalmente críticos chatos pra caceta, e foi bastante injustiçado no cenário internacional. Muitos falaram que não funcionou como adaptação, mas a partir do momento em que o próprio autor se emociona ao assistir, todos os outros se provam errados em dizer isso.

Fernando Meirelles é, para mim, o maior cineasta brasileiro. Não por fazer filmes nos EUA, mas por fazer filmes bons. Excelentes. Se são falados em inglês ou não, pouco importa. "Cidade de Deus" é um dos maiores filmes nacionais de todos os tempos, rompeu barreiras e criou um novo cinema nosso. Com esse filme, Meirelles ganhou projeção internacional, indicação ao Oscar de melhor diretor. Veio "O Jardineiro Fiel", muito bom, que rendeu o Oscar de melhor atriz coadjuvante para Rachel Weisz, e indicações para o Bafta e o Globo de Ouro de diretor, e agora, "Blindness".

O filme tem uma das melhores fotografias recentes, uma direção de arte impecável, uma trilha sonora lindíssima, um roteiro excelente e uma direção primorosa.

Julianne Moore faz um show à parte. Impecável e talentosa como sempre ela consegue carregar o filme sendo a única a enxergar, transmitindo toda a complexidade que isso implica, que trabalho genial. Não vi os trabalhos de Angelina Jolie e Melissa Leo, mas elas devem ter suado para conseguir tirar a vaga de Moore, e até de Sally Hawkins em "Simplesmente Feliz".

Todo o elenco trabalho de forma ótima. Gael García Bernal é o melhor ator hispânico de sua geração, Alice Braga mostra um talento que foi oprimido em "Eu Sou a Lenda" - e um corpo também - Danny Glover dispensa comentários e Mark Ruffalo sempre competente.

Injustiçado, denso, forte, marcante, difícil, são algumas características que podem ser atribuídas ao filme. Fernando Meirelles é um gênio brasileiro que nos dá tanto orgulho quanto uma seleção de futebol, vôlei e outras modalidades que não merecia ter sido tão atacado como foi.

Mas ele é brasileiro, tenho certeza de que não desistirá nunca.


Nota: 9/10



7 comentários:

Anderson Siqueira disse...

O roteiro tem um início vagaroso, mas aos poucos ganha dinamismo e qualidade. Outro ponto relevante são as fortes cenas, sempre alfinetando o espectador. Com analogias e críticas severas ao atual sistema econômico e principalmente ao caráter das pessoas, a trama faz-nos repensar seriamente sobre o real significado de nossas vidas e o papel que exercemos na atual sociedade. Será que realmente somos capazes de tudo? Até onde vai a nossa honra e a nossa fé? Estes e outros pontos e paradigmas são colocados em xeque nesta bela produção de Meirelles.

NOTA (0 a 5): 4
****

Ricardo Nespoli disse...

É um excelente filme mesmo, lindo de se ver e profundo para se pensar... Parabéns Meirelles!!!

- cleber . disse...

Escrevi uma resenha sobre o filme, a pouco tempo no meu blog !
Gosto muito deste filme, Meirelles entrega mais uma ótima fita!

Matheus Pannebecker disse...

Não entendo como desdenharam tanto esse filme. Para mim, uma grande obra e que tem excelentes aspectos! Um dos melhores do ano passado.

André Siqueira disse...

Eu gostei do filme, mas nada além de nota 6.


Depois dê uma passada no meu blog MILHA TURVA

Unknown disse...

Costuma gostar dos trabalhos de Fernando Meirelles, mas este já não me agradou tanto.
Concordo com o companheiro acima, para mim não passaria de 6.

Anderson Siqueira disse...

O roteiro, assinado por Don McKellar ("O Violino Vermelho"), tem um início vagaroso, mas aos poucos ganha dinamismo e qualidade. A história foi adaptada com base na obra de José Saramago, único escritor da língua portuguesa a receber o prêmio Nobel de literatura.

Outro ponto relevante em "Ensaio Sobre a Cegueira" são as fortes cenas, sempre alfinetando o espectador. Com analogias e críticas severas ao atual sistema econômico e principalmente ao caráter das pessoas, a trama faz-nos repensar seriamente sobre o real significado de nossas vidas e o papel que exercemos na atual sociedade. Será que realmente somos capazes de tudo? Até onde vai a nossa honra e a nossa fé? Estes e outros pontos e paradigmas são colocados em xeque nesta bela produção de Meirelles.

As atuações de Mark Ruffalo ("Zodíaco"), Danny Glover ("Máquina Mortífera") e Gael García Bernal ("Amores Brutos") são estupendas e dispensam comentários. Mas quem roubou a cena foi a protagonista Julianne Moore ("Filhos da Esperança"), numa interpretação maravilhosa e desumana na pele de uma mulher imune à cegueira branca e esposa de um oftalmologista, que também foi afetado pela epidemia.

A trilha sonora também marca presença e casa-se bem com as imagens. A produção é de primeira e contou com nomes como Andrea Barata Ribeiro ("O Banheiro do Papa"), Niv Fichman ("A Última Noite") e Sonoko Sakai ("Paixão Proibida").

NOTA (0 a 5): 4
****