sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Surpresa e Decepção

- Antes, um aviso: devo viajar semana que vem, então a produção ficará parada esse tempo. Depois volto mais ativo ;)



Sete Vidas (2008)

Direção: Gabriele Muccino
Roteiro: Grant Nieporte


Antes de estrear Sete Vidas era considerado "o filme que renderá mais uma indicação ao Oscar para Will Smith", ele chegou, nós vimos e ficamos nos perguntando "foi essa mesma dupla que nos trouxa 'À Procura da Felicidade'?", pra quem não sabe o diretor desse longa é o mesmo do outro, muito superior.

Nesse filme Smith interpreta Ben Thomas, um agente da Receita Federal com um segredo que resolve sair em busca da redenção melhorando de alguma forma a vida de sete pessoas.

A história é boa. O final é sim, surpreendente. Então o que dá errado? Se fosse para atribuir a culpa a alguém (coisa que é até injusto) atribuiria ao diretor que conduziu a história para ser um drama que quer te fazer chorar a cada 10 minutos. Talvez seja culpa dos produtores que forçaram uma barra para fazer um "filme emocionante". Nunca saberemos. O importante é falar do que chegou na tela.

Temos personagens coadjuvantes realmente bons, alguns são até pouco aproveitados, a "coadjuvante principal" é Emily Posa (a linda e talentosa Rosario Dawson), uma das pessoas que Ben vai ajudar, mas que o homem acaba se apaixonando, a mulher que tem, literalmente, um coração fraco domina a maioria de suas cenas. Mesmo em presença de Will Smith.

Ainda dos outros atores... Woody Harrelson interpreta o cego Ezra Turner, infelizmente ele só aparece três, quatro vezes durante toda projeção. Michael Ealy faz o irmão de Ben e Barry Pepper, seu amigo de infância.

Durante o filme, por várias vezes, voltamos ao passado de Ben e vemos que sua mulher morreu em um acidente, fica claro também que nesse acidente outras pessoas morreram, e Ben ficou vivo.

Algumas coisas que me incomodaram, pessoalmente, Will Smith deve estar andando com Tom Cruise e praticando a cientologia demais... Nesse filme senti muito um "complexo de Deus", ele tem o poder de salvar sete vidas, ele decidirá o futuro das pessoas... talvez os recentes sucessos estejam subindo muito a cabeça desse ator que consegue ser excelente quando tem pessoas competentes junto.

Outra... Ben é tão complexado que ele chega a criar uma água-viva em um tanque num quarto de motel, mesmo que ela vá ter um propósito depois, é um tanto forçado (pra mim, por favor) e até agora não contei as tais sete vidas.

Da parte técnica nada realmente se destaca, o filme não necessitava disso também. A trilha sonora é boa, mas dava pra ser melhor.

Assista por sua conta e risco, mas não espere ver outro "À Procura da Felicidade", este novo te força a chorar, alguns irão realmente, mas não é algo natural, que o filme toca de verdade, achei a coisa todo forçada demais, apesar, repito, da premissa boa e da qualidade do elenco.


Nota: 5/10





Hellboy II: O Exército Dourado (2008)


Direção: Guillermo Del Toro
Roteiro: Guillermo Del Toro


O título desse post - que mais parece um filme de época com a Keira Knightley - fala de uma "surpresa" e esta é "Hellboy 2". O primeiro filme foi criticado, mas eu gostei. Na continuação não tinha grandes expectativas (não depois da decepção de A Múmia 3), esperava um bom filme do excelente Del Toro que iria divertir minha tarde, mas ele me agradou um pouco além.

Bom, nesse filme o Vermelhão vivido por Ron Perlman retorna com sua patota: o amigo anfíbio Abe - Doug Jones que viveu O Homem Pálido e O Fauno em O Labirinto do Fauno, nesse filme volta a encarnar os personagens fantásticos do diretor, além de Abe ele faz O Anjo da Morte e "The Chamberlain", me perdoem mas esqueci em português - e Liz Sherman (Selma Blair), temos ainda um novo amigo o dr. Johann Krauss (vivido por James Dodd e John Alexander).

O vilão é o príncipe elfo Nuada (Luke Gross) que quer ressuscitar o imbatível e indestrutível Exército Dourado para subjugar a raça humana, quebrando assim um pacto milenar feito por seu pai. Para tal ele precisa juntar os três pedaços da coroa que dão o poder sob o Exército, mas a peça foi divida em três: um para os humanos e dois para os elfos (lembra um certo Anel, né...). O príncipe então começa sua empreitada e caberá a Hellboy e companhia o impedirem.

O grande trunfo desse filme, como em todos de Guillermo Del Toro, é sua direção de arte e maquiagem. O diretor não recorre para efeitos visuais a toda hora, ele prefere fazer as coisas palpáveis, críveis. E realmente ficam. Por muitas vezes os efeitos visuais ficam falsos, óbvios, desse jeito você entra mais facilmente na história. Além de que visualmente é lindo.

Todos seus cenários são belos de alguma forma. O Conselho dos Elfos remete a cena final do esplêndido O Labirinto do Fauno, o local onde o Exército Dourado está adormecido, dentro outros... E os seres fantásticos? São um espetáculo a parte: é difícil saber como cabe tanta imaginação dentro daquela cabeça. São seres maravilhosos, todos feitos a mão, com dedicação, suor, apenas os realmente difíceis foram feitos por computação, ou cenas praticamente impossíveis. No bônus do DVD podemos ver uns pedaços do caderno de anotações do diretor, ver como ele pensa em um vendedor com uma catedral em miniatura na cabeça, como se fosse uma coroa, um símbolo de status, é lindo. O filme - e seus extras - dão uma aula na arte de produzir filmes do gênero.

Sendo um fã da saga dos Hobbits, fico feliz em saber que Del Toro será o diretor, se não temos Peter Jackson, prefiro que seja ele.

Depois de tecer elogios da parte técnica, falar dos atores... Não temos nada de incrível, mas todos estão na medida certa para seus papéis, na medida exata. Ron Perlman consegue ser tanto durão quanto engraçado, do jeito que o Vermelhão precisa ser. Doug Jones consegue se desmembrar em tantos personagens que é admirável. Selma Blair apóia-se nos colegas e consegue manter sua mocinha firme.

O Diretor do Centro de Pesquisas Sobrenaturais, sr. Manning, vivido por Jeffrey Tambor dá toques muito bons de comédia também. Aliás, esse elemento está muito mais presente na continuação. E de forma bem mais eficiente.

Outro elemento que funciona muito bem são as lutas e suas coreografias. Tudo bem feito, com imaginação invejável. Ver o príncipe Nuada em ação não deixa nenhum lutador japonês de Ang Lee para trás (apenas uma piadinha para descontrair).

Hellboy II: O Exército Dourado não é a melhor adaptação de quadrinhos - principalmente num ano com Batman e Homem de Ferro, mas é excelente, dá uma aula de filme de ficção crível, é visualmente impecável e Guillermo Del Toro é um gênio.

Nota: 7,5/10


3 comentários:

Anônimo disse...

Não tenho a mínima expectativa para ver "Sete Vidas", realmente só vi péssimos comentários sobre a produção até agora. Não gostei do primeiro "Hellboy", mas sua continuação realmente foi uma surpresa.

Kau Oliveira disse...

Yuri, odeie Sete Vidas, vc sabe. O elenco é muito bom e a trilha ajuda bastante. Mas convenhamos que o roteiro é extremamente mal escrito e a direção um absurdo de errada. Will irrita com as caras e bocas, vai... hahahahaha

Já Hellboy II é maravilhoso! Já achei o primeiro um show e este veio ainda mais incrível tecnicamente. Torço para suas indicações à Efeitos Visuais e Maquiagem!

Abraços.

Yuri Dias disse...

Vinícius, assista "Sete Vidas" se não precisar pagar para isso ^^

Kau, eu sei do seu ódio xD Nem eu gostei, mas foi como eu falei, a nota foi mais pela idéia do filme e o elenco... e quanto a Hellboy eu fiquei muito feliz, foi uma surpresa incrível pra mim. E além dessas categorias dava até pra Direção de Arte, é tudo muito bem feito.